A presente tese toma as práticas assistenciais evangélicas como objeto privilegiado para a análise das relações entre religião e esfera pública, aqui compreendida como uma arena de mediação de sentidos. Amparada pela abordagem desenhada por Habermas, formula-se a hipótese de que a assistência seria uma espécie de baliza que permite atribuir verossimilhança a determinados posicionamentos públicos, dado que faculta conexões muito singulares entre diferentes campos discursivos (como religião, direito, política e economia) e que, quanto mais complexas forem estas conexões, maior abrangência terá a argumentação e, por consequência, tanto maior será a probabilidade de ela ser levada em consideração na esfera pública. Elementos oriundos da teoria da prática formulada por Bourdieu também são utilizados para analisar estas relações. Disto resulta propor que os diferentes arranjos que permitem ampliar os sentidos atribuídos à assistência estejam intrinsecamente relacionados a disposições que, embora sejam compartilhadas, podem ser diferentemente acionadas em cada contexto de ação. Para refletir sobre em que termos estas relações são produzidas e como são agenciados diferentes códigos compartilhados, toma-se como recorte empírico a Igreja Universal do Reino de Deus e a Rede Evangélica Nacional de Ação Social, investindo-se na produção de uma etnografia de seus agentes e de suas práticas.
Palavras-chave: assistência; ação social evangélica; protestantismo; pentecostalismo